Paquito por enquanto é o título do show de Paquito, cantor e compositor de 54 anos com folha corrida no rock baiano, e gravado por Bethânia, Jussara Silveira, Daniela Mercury, Renato Brás, Sarajane e Emanuelle Araújo: “a gente está em constante vir-a-ser, convivendo com a ilusão da constância, daí o título. Além disso, mesmo tendo feito shows autorais sozinho, sinto meu ego difuso entre meus parceiros e minhas referências, que se almagamam como num caleidoscópio. O show também é isso: um caleidoscópio”. Gerônimo, Ronei Jorge, Arto Lindsay, Eduardo Luedy, Chico César e Fernando Pessoa compõem o elenco das vastas parcerias de Paquito, que também trabalha na gravação dum novo cd, seguindo a trilha do seu disco Bossa trash, lançado há dez anos, quando decidiu gravar apenas com seu violão de cordas de aço e participações de amigos como Jussara Silveira e Bruno Fortunato, guitarrista do Kid Abelha: “Na época, me sentia verde pra fazer um disco assim, quase só. Com o tempo, fui curtindo e me sinto mais maduro com esse formato simples, porém variado, pois ando cheio de canções novas e venho cantando e retrabalhando algumas da época da banda Flores do Mal, minha banda de rock dos anos 80, além de coisas das antigas, de Humberto Teixeira a Batatinha”. Paquito, que se define “ancorado na tradição mas com desvios estéticos de conduta”, canta entre ácido e doce as tensões: aquecimento global numa canção infantil; O monstro, parceria com Chico César, que diz que “o monstro chegou/ no mundo pleno de ódio e amor”; e sempre as relações amorosas. E fala de Assis Valente, que consegue ser ufanista e crítico no mesmo samba, e da apreensão popular da bossa-nova por Roberto Carlos e Jorge Ben, questionando a fama de música de elite do gênero. Também fiel aos seus pertencimentos, ele apresenta Porto de chegar, homenagem à praia do Porto da Barra, feita com Gerônimo. Nascido em Jequié – Bahia, e se auto-definindo “jequietcong”, Paquito foi gravado por Bethânia, pois sua canção Brisa, sobre versos de Manuel Bandeira, está em dois Cds da cantora. Produziu, em parceria com Jota Velloso, dois Cds premiados de samba baiano (Diplomacia, de Batatinha – prêmio Sharp de melhor disco de samba, 1999, e Humanenochum, de Riachão, 2001, indicado ao Grammy latino) com participações de Caetano, Gil, Chico Buarque e Bethânia, entre outros. Paquito gravou o Ensaio de Fernando Faro, na TV Cultura,em 2004, e lançou dois Cds autorais: Falso baiano (2003) e Bossa trash (2008), de propostas distintas e, ao mesmo tempo, complementares. De 2006 a 2014, Paquito foi colunista da revista virtual Terra Magazine de Bob Fernandes. Em 2018, escreveu os textos do site sobre o sambista baiano Ederaldo Gentil.